Por Carolina Motoki, coordenadora do Escravo, nem pensar! em Araguaína (TO)
Trago uma triste notícia: Frei Jean Ranguenés faleceu nesta manhã, dia 31 de janeiro de 2013.
A primeira vez que o encontrei foi em uma celebração sob os pés de caju da casa, onde o frei Xavier Plassat morava aqui em Araguaína (TO), quando o mestre da ordem dominicana havia vindo ao Brasil visitar a província. Era uma noite agradável e, depois de acompanhar a reza e beber umas caipirinhas, ouvimos extasiados frei Jean cantar sua composição "Pistoleirrrros do Parrrrá", com inconfundível sotaque francês e bom humor.
A última vez que o vi foi no convento dos dominicanos na Saúde, em São Paulo, aonde foi morar, quando os seus olhos já não conseguiam ver muito do mundo. Naquele dia, tínhamos ido visitar frei Henri des Roziers, que iria viajar à França. Notei nos dois velhinhos, além de mais vida do que em mim mesma, a capacidade de fazer graça da própria dor, enquanto abraçavam as dores do mundo. Ou enquanto abraçavam aqueles que sofrem das dores do mundo.
Hoje me lembrei, então, de uma história. Frei Jean recebia em sua casa muitos trabalhadores fugidos do trabalho escravo das fazendas. Certa vez, um que não tinha lugar no trecho passou a morar com ele. Ao retornar de uma viagem, a surpresa: na sua ausência, o trabalhador já havia vendido praticamente tudo o que estava dentro da casa... No julgamento do delito, o juiz disse que poderia reverter a prisão a uma pena alternativa, mas havia um problema: o moço não possuía residência fixa. Ao que frei Jean levantou e disse: "Este é o único problema? Então está resolvido, ele pode morar em minha casa!".
Isso sem contar a sua luta na LIP, fábrica de relógios tomada pelos operários na década de 1970: concretização de sonho impulsionando a utopia...
Ao relembrar tudo isso e saber que, em seus últimos momentos, ele não parecia preocupado com a sua saúde, mas com a preocupação e o cuidado que isso gerava nos outros, retiro a maneira como começo essa mensagem: em vez de anunciar um fim, celebro essa vida.
A primeira vez que o encontrei foi em uma celebração sob os pés de caju da casa, onde o frei Xavier Plassat morava aqui em Araguaína (TO), quando o mestre da ordem dominicana havia vindo ao Brasil visitar a província. Era uma noite agradável e, depois de acompanhar a reza e beber umas caipirinhas, ouvimos extasiados frei Jean cantar sua composição "Pistoleirrrros do Parrrrá", com inconfundível sotaque francês e bom humor.
A última vez que o vi foi no convento dos dominicanos na Saúde, em São Paulo, aonde foi morar, quando os seus olhos já não conseguiam ver muito do mundo. Naquele dia, tínhamos ido visitar frei Henri des Roziers, que iria viajar à França. Notei nos dois velhinhos, além de mais vida do que em mim mesma, a capacidade de fazer graça da própria dor, enquanto abraçavam as dores do mundo. Ou enquanto abraçavam aqueles que sofrem das dores do mundo.
Hoje me lembrei, então, de uma história. Frei Jean recebia em sua casa muitos trabalhadores fugidos do trabalho escravo das fazendas. Certa vez, um que não tinha lugar no trecho passou a morar com ele. Ao retornar de uma viagem, a surpresa: na sua ausência, o trabalhador já havia vendido praticamente tudo o que estava dentro da casa... No julgamento do delito, o juiz disse que poderia reverter a prisão a uma pena alternativa, mas havia um problema: o moço não possuía residência fixa. Ao que frei Jean levantou e disse: "Este é o único problema? Então está resolvido, ele pode morar em minha casa!".
Isso sem contar a sua luta na LIP, fábrica de relógios tomada pelos operários na década de 1970: concretização de sonho impulsionando a utopia...
Ao relembrar tudo isso e saber que, em seus últimos momentos, ele não parecia preocupado com a sua saúde, mas com a preocupação e o cuidado que isso gerava nos outros, retiro a maneira como começo essa mensagem: em vez de anunciar um fim, celebro essa vida.
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